Pular para o conteúdo principal

Copa do Mundo - Para refletir

Que essa Copa do Mundo nos sirva de aprendizado não apenas no futebol 

Reinato Silva | Bom, passada a fase de zoar os Argentinos (para quem gosta de zoeira) por terem perdido a final da Copa do Mundo para a Alemanha, deixando o tricampeonato mundial para uma outra oportunidade, é hora de cairmos na real e refletirmos um pouco. É hora de admitirmos que a Argentina foi sim melhor que o Brasil nesta Copa, que perdeu sim, mas de maneira muito mais honrosa e muito menos vexatória que a nossa Seleção e que, se a final tivesse sido Brasil x Argentina, teríamos SIM grandes chances de termos sido derrotados. É preciso sim admitir que nossa seleção não vai bem e que, também no futebol, ao menos momentaneamente, não somos mais os melhores do mundo. Contudo, espero, sinceramente, que as vergonhosas derrotas que sofremos nos dois últimos jogos (nos quais levamos DEZ gols) e a vexatória campanha da nossa seleção nessa copa, nos sirvam de aprendizado.

Ao contrário do que alguns pensaram por conta dos comentários (brincadeiras que tinha por trás uma grande frustração) que postei durante o jogo em que o Brasil perdeu de 7 a 1 para Alemanha, NÃO, não me envergonho de ser brasileiro; muito pelo contrário, me orgulho muito de ter nascido nesse país e derrota nenhuma no futebol me fará ter vergonha de ter nascido aqui, porque no futebol NÃO precisamos provar mais nada a ninguém, afinal já mostramos por cinco vezes - mais do que qualquer outro país – que somos os melhores do mundo neste quesito, contudo estamos na “zona de rebaixamento” de questões muito mais importantes que o futebol, como: combate à corrupção, saúde, educação, segurança pública, infra-estrutura, desenvolvimento econômico e industrial etc.


Na verdade, o que me envergonha mesmo neste país que tanto amo – e do qual, repito, tanto me orgulho por suas belezas naturais, pelo povo guerreiro que possui e tantas outras coisas – é vê-lo deixar seus filhos morrerem à míngua na fila dos hospitais públicos, é ver suas autoridades assistirem os assassinatos crescendo ano a ano - sem que os culpados sejam punidos (chegando-se ao absurdo de morrer mais gente assassinada no Brasil do que em países com guerra civil declarada, como Israel, Palestina e Síria) e sem que se faça nada para mudar essa dura realidade. É vê-lo deixar seus filhos muito amados morreram ou serem mutilados vítimas de acidentes de trânsito causados por estradas mal conservadas/sinalizadas, pela falta de educação no trânsito ou por um motorista alcoolizado/drogado que sequer irá preso. O que envergonha é ver nosso país gastar quase 26 BILHÕES DE REAIS (pouco mais de 11 BILHÕES de dólares), dos quais 83% (quase 22 BILHÕES DE REAIS) saíram dos cofres públicos (ou seja, do NOSSO BOLSO), em uma Copa do Mundo que poderia ter custado CINCO vezes MENOS e sequer tivemos o gostinho de ficar em terceiro lugar. O que me envergonhe e deve envergonhar a todo brasileiro, é saber que, se não fosse a corrupção, a falta de planejamento e outros fatores elevadores dos gastos os quais desconhecemos, com esse dinheiro seria possível fazer a copa com a mesma qualidade, terminar todas as obras de mobilidade urbana antes da copa começar, construir vários hospitais e escolas e estruturá-los (com pessoas e equipamentos) e ainda sobraria dinheiro para melhorar a segurança.
Mas digo tudo isso não para abaixarmos a cabeça e lamentarmos, é para que possamos reagir a todo esse absurdo com a mesma indignação que reagimos à goleada que levamos da Alemanha, fazendo a nossa parte como cidadãos, votando de maneira consciente, NUNCA VENDENDO NOSSO VOTO e sendo PATRIOTAS em cada dia de cada ano, assim como somos na época da Copa do Mundo. Patriotas para valorizar o patrimônio público e o dinheiro público como nossos, para respeitar as leis do nosso país, para não querer tirar vantagem em tudo tentando dar o famoso “jeitinho brasileiro”; patriotas para protestar contra o que acreditarmos estar errado, fiscalizar e cobrar dos políticos em quem votamos que trabalhem em prol do nosso país. Patriotas para gritarmos, esbravejarmos e brigarmos pelo nosso país, assim como brigamos pela nossa seleção de futebol.


Também é preciso aprender com tudo isso. No futebol, aprendamos com os alemães campeões mundiais, que se prepararam arduamente durante 14 anos para que fosse possível essa conquista de 2014; que mantiveram o mesmo técnico nesse período por acreditar em seu trabalho mesmo após três derrotas (não estou com isso defendendo a continuidade de Felipão), que reforçaram a formação de seus jogadores (categorias de base, escolinhas de futebol), que chegaram mais cedo no Brasil para se adaptar ao clima e construíram seu próprio centro de treinamento, que foram humildes para respeitar e estudar cada um dos seus adversários e para treinar arduamente e insistentemente antes de cada partida etc.. Os alemães mereceram sim ser campeões, não apenas pela simpatia e solidariedade que demonstraram ao povo brasileiro, mas pelo planejamento, organização, DEDICAÇÃO, seriedade, enfim, pelo trabalho brilhante que foi desenvolvido durante 14 anos.


Mas não é só no futebol que precisamos aprender com os estrangeiros. Aprendamos com os japoneses (que no futebol não têm tido grandes resultados) a lição de educação e civilidade que nos deram – recolhendo o lixo que produziram nos estádios após os jogos que assistiram - e com o incrível poder de recuperação daquele povo, sempre vitimado por catástrofes naturais e tragédias humanas, sendo até destroçados por um ataque com uma bomba atômica, ainda assim conseguindo se reerguer sempre.


Aprendamos com os chineses (que também são péssimos no futebol) seus exemplos de combate à corrupção (corruptos lá podem até ser condenados à pena de morte) e com a REVOLUÇÃO que promoveram na EDUCAÇÃO ao longo de anos, levando seu país a deixar o subdesenvolvimento de séculos para ser hoje forte candidato a se tornar, num futuro não muito distante, uma grande superpotência mundial de PRIMEIRO MUNDO.



Mais do que o legado de bonitos estádios e de nos dá a certeza de que somos um povo hospitaleiro, alegre e acolhedor, que essa Copa do Mundo nos sirva de aprendizado para sermos melhores ano a ano, não apenas no futebol, mas em tudo de bom que fizermos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DESDE A SUA FUNDAÇÃO, GENTIO DO OURO TEVE EM SEU COMANDO 22 PREFEITOS

RENOVATO ALVES BARRETO EPAMINONDAS ROCHA

Getúlio Cunha, o eterno Freguês!

É incrível como ele se mantém politicamente vivo  O querido e saudoso Getúlio Reginaldo Cunha, completaria em 04 de agosto, se vivo fosse, 87 anos de idade. Dedicou sua vida em servir ao povo, lutando incansavelmente pelo progresso de Gentio do Ouro.  Sendo a honestidade uma das características mais marcantes em toda a sua vida pública. Dono de um carisma extraordinário, personalidade simples e de extrema generosidade, Getúlio Cunha foi um verdadeiro exemplo de líder, homem público, e pai de família. É, sem dúvida, uma das figuras de maior expressão da história política de Gentio do Ouro. Em uma forma popular de se expressar, Getúlio tinha também uma inclinação forte e genuína em apelidar as pessoas; chamava todos ao seu redor pelo nome carinhoso de ‘Freguês’ -, cuja reciprocidade foi tanta, que o termo acabou se transformando em seu próprio apelido. É incrível como ele se mantém politicamente vivo. O povo gentiourense reverencia a sua memória. Parabéns, eterno Freg

UM POUCO DA MEMÓRIA POLÍTICA DO MUNICÍPIO DE GENTIO DO OURO:

O cenário político partidário do município de Gentio do Ouro desde as eleições de 1996 era marcado principalmente pela polarização entre os candidatos, Edmundo Pereira Bastos e Getúlio Reginaldo Cunha (Ambos falecidos) bem como pela tradição das disputas acirradas. Entre os anos 1996 a 2012, tivemos o revezamento de siglas partidárias entre os prefeitos eleitos (Conforme mostra quadro ao lado).